O meu nome é Juan Costa e estou aqui para falar
com vocês, caros colegas, futuros técnicos de
desporto e os nossos professores, sobre um ex-
atleta, aqui presente, da União Mucifalense; Zé Maria.
O meu tema é sobre ‘inclusão’
e o Zé Maria foi o incluído numa equipa onde jogámos (eu jogo, ele jogou) futebol.
Quem escreveu estas palavras foi ele, que quer falar um pouquinho conosco no fim, depois farão 2/3 perguntas, (vão pensando) que ele tem problemas na fala, é assim meio envergonhado, eu leio e falo sobre a sua inclusão na equipa técnica do U. Mucifalense onde jogo.
O Zé Maria teve um acidente de carro no dia 18 de Novembro de 2006, adormeceu ao volante e bateu num a caminho de casa na praia das Maçãs, despistou-se em Galamares e embateu num plátano.
Algum carro ia a
passar, ligou para os bombeiros, ambulância e um infindável número de mãos de
cuidadores cuidaram das alterações na minha vida, até hoje.
Desde então, tem
enfrentado uma longa recuperação de 18 anos, com 2,5 meses em coma, de hospital
em hospital.
A nossa sociedade tem boas formas para se proteger, nestes casos. Apesar do Traumatismo Crânio Encefálico, fiquei bom de cabeça, é raro nestas situações. 16% de pessoas (1 e 0.6 de outra) têm alguma deficiência no mundo. E é um número com tendência a aumentar pelo aumento de idosos e da esperança média de vida!
Já tinha estudado esse tema,
mas nunca imaginei, claro está, antes do acidente, que poderia ter um acidente
e estivesse a falar na minha própria inclusão, é mesmo importante!
A sociedade encontra-se a viver aparte e o Zé Maria a recuperar em estabelecimentos próprios para a medicina (hospitais centros de recuperação, institutos médicos), idas a Cuba e Múrcia, estágio em Gaia por ex.
O Mister Pedro Figueiredo
foi a pessoa sensível que alimentou esta ideia; sempre teve um fascínio pelo
meu futebol cheio de técnica e que preenchia qualquer campo fez um brilharete
ao melhorar a minha vida! A inclusão foi importante para me obrigar a sair de
mim e envolver-me, com gosto, numa equipa,
Tudo começou com a
ideia de uma palestra sobre ética no futebol, no início da época 21/22. O Zé
Maria tinha uma visão especial sobre ética e queríamos mostrar como o futebol
limpo é mais bonito e deve ser jogado com respeito. Criámos um PowerPoint e
apresentámos para uma plateia juvenil ávida por saber, com jovens de 15/16 anos,
entre os quais Don Juan. Esse foi o primeiro passo para o acompanhamento do Zé
Maria nos jogos de fim de semana.
Ele inseriu-se nos
grupos de WhatsApp da equipa técnica, dos pais e dos jogadores escrevendo
motivações que o Mister Pedro Figueiredo lia antes dos jogos. No entanto, com o
crescimento dos atletas e a mudança, de escalão de Juvenis para Juniores percebemos
(pontos de vista diferentes) que a literatura e o futebol nem sempre combinam
bem, a equipa técnica mudou no início deste ano, com os miúdos mais focados em
jogar do que ouvir leituras.
Foi interessante ver como todos lidavam comigo, Zé Maria, que se deslocava em cadeira de rodas; primeiro com respeito e algum medo, depois mais à vontade e até me convidavam para Tinha outras formas de comunicar que substituam a fala. Eu criei um blogue motivacional que um grupo de pais alimentava com fotos dos jogos. Apresentei a equipa um a um e respondi a um questionário que me fizeram.
Agora, participo num
trabalho do 12º ano de um futuro técnico de desporto e deixo espaço para as
perguntas que pedi no início. Esforçar-me para falar melhor faz-me bem, e estou
aqui para isso.
A minha Terapeuta da Fala acha que eu devia ter apresentações deste género, de vez em quando…
De certa forma foi mais um passo importante de reintegração no mundo eficiente: Obrigado mister Pedro, por essa inclusão e ao Juan, pela tua sensibilidade na abordagem a este tema/assunto, dá cá um abraço…